Apesar de resistência entre os aliados políticos do Palácio do Planalto, Eduardo Guardia é o nome mais cotado neste momento para substituir Henrique Meirelles no comando do Ministério da Fazenda, caso o ministro decida deixar o cargo para concorrer à Presidência da República nas eleições de outubro. Número dois na hierarquia da Fazenda, Guardia tem a preferência do próprio Meirelles.
A avaliação é a de que manter a continuidade na equipe é o melhor caminho para evitar turbulências desnecessárias nesta reta final de governo, quando se espera que o governo avance em projetos importantes da agenda de medidas microeconômicas. O cenário para o fim da gestão Michel Temer é positivo, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que pode superar as expectativas e chegar a 3,4%, arrecadação em alta, inflação baixa e juros que tendem a cair ainda mais.
Em São Paulo, Guardia disse que qualquer conversa sobre assunto é especulação. “Vamos aguardar a decisão do ministro”, afirmou ao Estadão/Broadcast, depois de ter sido questionado se aceitaria convite para assumir o cargo. Meirelles terá de pedir demissão do cargo até o dia 7 de abril, caso resolva ser candidato a presidente. Ele tem feito pesquisas para avaliar a chance de vencer e tem conversado com partidos que poderiam lançá-lo na disputa. Discreto, Meirelles não comenta com seus auxiliares diretos questões envolvendo seu futuro político.
A reportagem apurou que não foi positiva a repercussão entre investidores e outros agentes do mercado do nome do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, o que teria reforçado o nome de Guardia. A seu favor, Oliveira tem o apoio do líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (MDB-RR), e grande interlocução com as lideranças dos partidos no Congresso, experiência que acumula desde o período em que foi secretario executivo no Ministério da Fazenda, mesmo cargo hoje ocupado por Guardia. Oliveira ganhou a confiança do presidente Michel Temer, depois do sucesso da liberação de recursos das contas inativas do FGTS, uma proposta que nasceu no Planejamento.
As especulações em torno de substituto de Meirelles esquentaram depois que o ministro da Fazenda, na semana passada, assumiu de forma muita clara os planos de candidatura. Admitiu até mesmo disputar a eleição com Temer.
No Planalto, auxiliares do presidente reconhecem que o cargo é importante e que o nome de Guardia poderia ser bem recebido pelo mercado. Segundo um interlocutor, o seu nome seria “testado” num primeiro momento como interino. A avaliação, entretanto, ainda é vista com cautela, pois no Planalto – apesar de reconhecerem que Meirelles é cada vez mais candidato – a ordem é esperar a oficialização por parte do ministro, o que ainda não aconteceu.
Eduardo Guardia foi secretário do Tesouro Nacional no governo FHC, secretário de Fazenda do governo Alckmin e diretor executivo de produto da BM&FBovespa, antigo nome da B3, a Bolsa paulista.
Em nome do controle das despesas e do ajuste fiscal, Guardia, comprou brigas importantes nas negociações dos inúmeros Refis e barrou pedidos de verbas dos governadores. Acabou se transformando no “Sr. Não” do governo Temer e, por essa razão, já foi “demitido” diversas vezes por políticos no seu próprio gabinete.(NE10)