A investigação da Polícia Federal sobre as causas da queda do avião que matou o então ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki e outras quatro pessoas há quase um ano descartou a hipótese de sabotagem na aeronave.

A perícia sobre esse ponto da investigação, realizada pelo Grupo de Bombas e Explosivos da PF do Rio de Janeiro, não detectou sinais de explosivos, produtos químicos ou de que tenha ocorrido um incêndio interno.

Os peritos criminais federais procuraram, por exemplo, indícios de deformações na fuselagem que indicassem uma explosão interna, mas nada foi encontrado.

No dia 19 de janeiro do ano passado, Teori, 68, morreu após o avião turboélice King Air em que viajava de férias, pertencente ao empresário e passageiro Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, 69, cair no mar próximo à pista de pouso de Paraty (RJ).

Além de Teori e Filgueiras, também morreram o piloto Osmar Rodrigues, 56, a massoterapeuta Maíra Panas, 23, e sua mãe, Maria Hilda Panas Helatczuk, 55.

A morte do ministro, então relator dos casos da Lava Jato sobre políticos com foro privilegiado no STF, gerou dúvidas entre familiares e teorias conspiratórias.

Desde então as causas da queda do avião são apuradas em caráter sigiloso pelo Cenipa, o centro de investigação e prevenção de acidentes da Aeronáutica, em Brasília, e pelo inquérito tocado pela PF e pelo Ministério Público Federal de Angra dos Reis (RJ).

Na PF, mais de 15 peritos de Santa Catarina, Rio, São Paulo e Brasília analisaram aspectos ligados ao voo e ao avião, como motor, destroços, dados coletados pelo tráfego aéreo, análise das gravações feitas por um aparelho recuperado após o acidente e aviônica (conjunto eletrônico e elétrico do avião).

Também foram feitos exames médico-legais sobre a saúde do piloto e dos ocupantes do avião no momento da queda e perícia no local do acidente. Alguns dos trabalhos, como a análise do motor, foram feitos em conjunto com os técnicos do Cenipa.

Conforme a Folha mostrou pouco depois do acidente, o piloto não relatou nenhum problema no avião momentos antes da queda, segundo o áudio captado na cabine. O Cenipa trabalhava com a hipótese de o piloto ter perdido o controle da aeronave.

A PF não tem data para encerrar o inquérito, depende de levantamentos que estão sendo realizados por empresas e outros órgãos. A instituição considera que a investigação está dentro de um prazo compatível em casos de acidentes aeronáuticos.

No Cenipa, que não trabalha para apontar culpados pelo acidente, mas sim para sugerir medidas preventivas para novos acidentes do gênero, há casos que demoram anos até serem divulgados ao público pelo órgão.

O inquérito da PF é presidido pelo delegado Rubens Maleiner, que é piloto.

Procurada pela Folha para comentar o estágio das investigações do acidente que matou o ministro, a presidente do STF, Cármen Lúcia, disse por meio da assessoria que “foi informada de que a conclusão do inquérito depende apenas de um laudo da aeronave, o que, segundo informado, está dentro do prazo legal”.

Segundo a presidente do STF, “o Brasil receberá todas as informações tão logo se tenha ciência do resultado do inquérito”.

Rubens Valente – Folha de S.Paulo