NOTA PÚBLICA DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE PERNAMBUCO
Violência bancária cresce cerca de 100% e atesta total incompetência da política de segurança do governo do Estado de Pernambuco
As três investidas criminosas contra o banco Bradesco que ocorreram durante a noite do dia 8 e a madrugada do dia 9, nos municípios de Mirandiba, Santa Filomena e Caruaru, e que podem ter ligação entre si, demostram a total incompetência da política de segurança pública adotada pelo governo do Estado de Pernambuco ao elevar a estatística das ocorrências em cerca de 100%, tomando como base o mês de janeiro de 2018 em comparação com o mesmo período do ano de 2017.
A Mapa da Violência Bancária do Sindicato dos Bancários de Pernambuco já contabilizou oito ocorrências em 2018, quase uma por dia, contra as 17 registradas em todo o mês de janeiro de 2017. Importa destacar que de janeiro a dezembro do referido ano, a entidade contabilizou 183 ocorrências, dado que já revela a total falta de controle por parte da Secretara de Defesa Social (SDS).
Em novembro do ano passado, a entidade reivindicou junto à SDS a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para contribuir com o enfrentamento à violência bancária no Estado, mas o órgão até agora não se posicionou sobre a solicitação e insiste em conduzir isoladamente as ações, repetindo consecutivamente o fracasso diante do crescimento geral e assustador da violência em Pernambuco. Tamanha incompetência, que margeia à irresponsabilidade pública, coloca em situação de risco milhares de trabalhadores bancários e milhões de pernambucanos, que estão expostos diariamente à criminalidade.
Tal ausência das forças de segurança do governo do Estado é mais grave no Interior pernambucano, cujos municípios contam apenas com um efetivo de dois policiais para fazer a segurança de dezenas de milhares de moradores. A rede Bradesco, por exemplo, passou a ser alvo preferencial das investidas. As fragilidades em segurança são encontradas em quase todas as agências, que estão funcionando apenas com autoatendimento em pequenos locais, com circulação de grande montante em dinheiro em espécie e sem nenhum esquema de segurança. Além da exposição à violência, as cidades do Interior pernambucano sofrem abalos na economia após o fechamento de agências bancárias e a falência do comércio local, elevando as taxas de desemprego, os índices de pobreza e de violência de modo geral.
A criminalidade nas agências bancárias da Capital e da Região Metropolitana do Recife também chegou forte em 2018. Ações cada vez mais ousadas estão acontecendo em municípios como Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Recife, além da subnotificação das “saidinhas bancárias” que ocorrem diariamente nas portas dos bancos. Na cidade do Recife, a prefeitura sequer faz cumprir a Lei de Segurança Bancária (Lei nº 17.647/2010) que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de dispositivos adicionais de segurança pelas instituições bancárias e financeiras. Aliás, é relevante registrar que os bancos, independentemente da localização, são responsáveis pela segurança no interior e no entorno das agências vêm negligenciando suas obrigações e devem ser cobrados pelas autoridades públicas, fato que não vem ocorrendo.
Ao passo que estamos assistindo à violência escalar drasticamente todos os dias diante inércia e das desculpas ocas do governo de Pernambuco que tenta transferir responsabilidades para o governo Federal e para os bancos. Sabemos que as questões sociais e econômicas nacionais impactam nos Estados e que as instituições bancárias negligenciam seus deveres para com os clientes, mas isso não pode servir de desculpa genérica para todos os erros, inclusive, porque, é também atribuição dos gestores públicos locais buscar soluções e alternativas para enfrentar tais questões, campos nos quais o governo local também vem fracassando. O governador Paulo Câmara e sua equipe precisam parar de escamotear os dados estarrecedores da violência para se blindar politicamente, tendo em vista às eleições 2018, e enfim reconhecer suas incompetências já explícitas aos olhos da população: desinvestimentos nas áreas sociais; exclusão da sociedade na construção e no monitoramento do plano de segurança pública; falta de transparência na sistematização e avaliação de dados da violência; escassez de investimentos nas áreas de formação, inteligência, infraestrutura e equipamentos e; desvalorização dos policiais.
Os bancários e o povo pernambucano exigem que o governo do Estado de Pernambuco e os bancos assumam suas responsabilidades e cumpram seu papel de garantir o bem-estar e a segurança da população, dos bancários e dos clientes. Basta de incompetência! Basta de desculpas! Basta de violência!
Suzineide Rodrigues
Presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco
Recife, 09 de janeiro de 2018.