O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, hoje, em entrevista à Rádio Gaúcha, que descarta qualquer possibilidade de se ser candidato a vice-presidente da república nas próximas eleições. Também afirmou que a atual proposta de reforma da Previdência mantém “75% da original”. “A reforma agora precisa ser completa e suficiente para que esse assunto não tenha que voltar à pauta nos próximos anos”, enfatizou.
A respeito de uma possível candidatura à presidência em 2018, Meirelles disse que “há um espaço importante na política para quem defende reformas e modernização da economia”, mas afirmou que no momento não pensa no assunto. Lembrou que o prazo para deixar o governo, caso queira concorrer, vai até o fim de março. “Não tomo decisões por antecipação. Decisões por antecipação são perda de tempo. A decisão tem que ser tomada na hora certa.”
Sobre a o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, apresentado pelo senador Hélio José (PROS-DF), que defendeu a inexistência de déficit, o ministro disse que “é possível, calculando déficit no geral, se chegar a conclusões diferentes”. No entanto disse que essa conclusão só seria possível se certas despesas fossem desconsideradas. “Aí evidentemente chegaremos a um número irrealista.” Também lembrou que o déficit foi confirmado inclusive por auditorias internacionais.
Meirelles disse que alterações na Previdência são assunto controverso em todo o mundo. Afirmou que alguns países precisaram inclusive reduzir os valores das pensões, mas assegurou que o Brasil ainda está longe disso.
O ministro também negou planos de aumento de impostos, mas disse que podem ocorrer ajustes para garantir isonomia. Citou como exemplo desonerações que foram feitas com objetivo de garantir a manutenção de empregos e que, obviamente, não tiveram o efeito esperado. “Estamos fazendo o acerto de algumas desigualdades do sistema.”
Questionado sobre a sensação de parte da população, que não consegue perceber a melhora da economia, Meirelles citou a queda nos juros e no índice de inflação e disse que a sensação de melhora vai predominar nos próximos meses. “Enfrentamos a maior recessão de nossa história”, disse o ministro. “Foi maior do que a Depressão dos anos de 1929, 1930 e 1931.”
Estadão