O jantar oferecido por Donald Trump aos presidentes do Brasil, Peru e Colômbia, em Nova York, na segunda feira 18, poderia ser a grande oportunidade para o governo Michel Temer de reivindicar o protagonismo que cabe naturalmente ao País na geopolítica sul-americana. As chances de que isso ocorra, contudo, são limitadas. A crise política, econômica e humanitária pela qual passa a Venezuela, hoje principal foco de instabilidade na região, reúne as condições para ser o tema dominante no encontro. E, nesse assunto, Brasil e EUA divergem de opinião

 “O presidente Trump já insinuou que poderia optar pela via militar na Venezuela, o que o governo brasileiro não apoia”, diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV em São Paulo. “O que esse encontro poderá trazer de positivo é coordenar as políticas de cada país em relação à Venezuela”, afirma.

O alinhamento dos EUA com o Brasil na questão da Venezuela é estratégico para Trump por várias razões. A primeira diz respeito à posição que o País ocupa na geopolítica por ser a maior força econômica e militar da região. A segunda se refere à responsabilidade brasileira sobre a atual crise venezuelana. Os governos Lula e Dilma apoiaram o ditador Hugo Chávez. Michel Temer, embora condene os abusos de Nicolás Maduro, não criou uma agenda de liderança regional capaz de influenciar os desmandos do vizinho.

Agora, essa janela de oportunidade está se fechando: Temer priorizou reformas, não goza de popularidade e pouco ganharia com uma atuação internacional que se opusesse à cartilha norte-americana. O melhor é tratar Trump como amigo, ouvir seus conselhos e mostrar interesse em cooperar com os vizinhos, ainda que seja com ajuda humanitária.

Desde 1947, quando o diplomata brasileiro Osvaldo Aranha presidiu a Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil é o primeiro país a discursar na solenidade, que terá início na terça-feira 19. No ano passado, ao discursar por 20 minutos, Temer afirmou que o Brasil quer para o mundo paz, desenvolvimento sustentável e respeito aos direitos humanos.

IstoÉ – Celso Masson