Por Jalila Arabi e Gabriella Bontempo
O novo ensino médio vai trazer benefícios para o estudante que quer cursar a educação técnica e profissional no país. A proposta, sancionada em fevereiro, flexibiliza a grade e reduz a carga horária que o aluno precisa cumprir para conseguir o diploma. Hoje, além das 2,4 mil horas do ensino médio, o estudante da educação técnica e profissional deve completar mais 1,2 mil horas do curso escolhido.
Se essas mudanças já valessem em 2012, ano que o técnico em Eletrotécnica, William Santos, de 22 anos, frequentava o ensino médio, ele teria tido mais tempo para se dedicar às aulas e às atividades propostas pelos professores. “O meu curso teve a duração de dois anos e contava com aulas práticas, teóricas, além de visitas às indústrias e postos de trabalho. Se eu tivesse mais tempo para estudar, com certeza sairia do curso mais capacitado, mais profissional”, afirmou.
Com os diplomas do ensino médio e do curso técnico em mãos, não demorou muito tempo para que ele conseguisse o primeiro emprego. “Eu já saí do curso profissionalizante com inúmeras possibilidades no mercado de trabalho. É bastante interessante essa junção entre o ensino médio e a qualificação profissional, porque ajuda os jovens a decidirem melhor o futuro”, lembrou William.
Mercado promissor
Segundo a Pesquisa de Acompanhamentos de Egressos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o Senai, seis em cada dez ex-alunos de cursos técnicos formados em 2015 já estavam empregados em 2016, mesmo em meio à crise econômica. Para o deputado Alex Manente (PPS/SP), que participa das discussões sobre o assunto no Congresso Nacional, o que precisa ser estabelecido no país é uma visão de ensino voltada à educação profissional. “A qualificação específica, direcionada ainda no ensino médio, permite aos jovens que não terão acesso à universidade, ingressarem, com qualidade, no mercado de trabalho”, acredita ele. “Esse público, sem dúvida alguma, ainda é um percentual significativo em nossa sociedade. A educação técnica e profissional é muito útil para nós retomarmos o desenvolvimento, a geração de empregos e, consequentemente, possibilitar o acesso dos jovens ao ensino superior”, ressalta.
Saiba mais
A reforma do ensino médio foi sancionada neste ano, mas para valer, é necessário que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que está sendo discutida em todo o país, seja elaborada e homologada ainda em 2017.
A BNCC é um conjunto de orientações que deverá nortear os currículos das escolas das redes públicas e privadas de todo o país. O objetivo dela é aumentar a qualidade da educação básica brasileira, respeitando a autonomia assegurada pela Constituição Federal aos entes federados e às escolas. Para mais informações, consulte o site: http://basenacionalcomum.mec.gov.br