Diversos países e organizações condenaram o teste nuclear com uma bomba de hidrogênio realizado pela Coreia do Norte na madrugada deste domingo (3). Eles repudiaram a nova violação das múltiplas resoluções da ONU e exigiram o fim dos programas nuclear e balístico do país. China e Japão já estão monitorando as condições radioativas na região.
Este é o sexto teste atômico feito por Pyongyang nos últimos 11 anos, e o mais poderoso até agora.
No Twitter, Donald Trump disse que as palavras e ações da Coreia do Norte continuam sendo muito hostis e perigosas para os Estados Unidos. Ele ainda disse que o país se tornou uma grande ameaça e um constrangimento para a China, que está tentando ajudar, mas com pouco sucesso.
Questionado, neste domingo, ao deixar um culto religioso numa igreja se os EUA atacarão a Coreia do Norte, Trump respondeu: “vamos ver”.
Segundo a agência Reuters, Trump e sua equipe nacional de segurança devem se reunir hoje para tratar do teste da Coreia do Norte.
Em paralelo, o secretário do tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, anunciou que irá “preparar uma série de sanções, que apresentarei ao presidente” para punir a Coreia do Norte. “Aqueles que fazem negócios com eles (Coreia do Norte) não poderão fazer negócios conosco. Trabalharemos com nossos aliados. Trabalharemos com a China”, indicou.
Segundo a Coreia do Norte, o teste foi “bem-sucedido”. A bomba pode ser carregada no novo míssil balístico intercontinental do país. O teste nuclear provocou um tremor de magnitude 6,3 no território norte-coreano.
Logo depois do terremoto, Tóquio confirmou se tratar de um teste nuclear. O Ministério da Defesa do Japão disse que havia despachado pelo menos três jatos militares para testar a radiação.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que o novo teste nuclear foi “uma ameaça de segurança séria e imediata” que “aumenta ainda mais o perigo do regime” e “compromete seriamente a paz e a segurança no país”.
A China condenou “energicamente” o novo teste nuclear, segundo comunicado do Ministério de Assuntos Exteriores do país. De acordo com a Reuters, o país também iniciou um monitoramento das condições radioativas na região.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que o Conselho de Segurança da ONU reaja de forma rápida e decisiva. “A comunidade internacional deve tratar esta nova provocação com a maior firmeza, para que a Coreia do Norte volte incondicionalmente ao caminho do diálogo e proceda ao desmantelamento completo, verificável e irreversível de seu programa nuclear e balístico”, disse em comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu calma e que todos os envolvidos mantenham o diálogo, pois isso seria a única maneira de resolver os problemas da península coreana.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que Seul “nunca permitirá que a Coreia do Norte continue avançando com suas tecnologias nucleares e de mísseis” em uma reunião urgente do Conselho Nacional de Segurança após o novo teste, segundo a agência local Yonhap. Moon também pediu que sejam impostas sanções “mais graves possíveis” por parte do Conselho de Segurança da ONU para aumentar o isolamento do regime liderado por Kim Jong-un.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, chamou o teste nuclear de “imprudente” e uma “provocação”.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, reprovou “energicamente” o novo teste nuclear e pediu a Pyongyang para pôr fim ao seu programa atômico. “Reprovo energicamente que a Coreia do Norte tenha feito hoje um sexto teste nuclear. Trata-se de outra flagrante violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, declarou em comunicado o político norueguês.
A União Europeia qualificou o teste como uma “grave provocação” e acrescentou que se trata de uma nova violação “direta e inaceitável” das obrigações internacionais de Pyongyang.
“A mensagem da União Europeia é clara: a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) deve abandonar os seus programas nucleares, de armas de destruição em massa e de mísseis balísticos de forma completa, verificável e irreversível e pôr fim imediatamente a todas as atividades relacionadas”, afirmou em comunicado a representante da União para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini.
Em nota, o governo brasileiro condenou “veementemente” o teste nuclear, reiterando seu apoio às resoluções do Conselho de Segurança da ONU e pediu para o governo da Coreia do Norte cumpri-las plenamente.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que não tem acesso à Coreia do Norte, chamou o teste nuclear de “um ato extremamente lamentável” que “desconsiderou completamente as demandas repetidas da comunidade internacional”.
Teste
A televisão estatal exibiu uma imagem da ordem manuscrita de Kim Jong-Un pedindo que o teste fosse realizado no dia 3 de setembro ao meio-dia.
Poucas horas antes, a Coreia do Norte havia publicado outras fotos mostrando o líder norte-coreano inspecionando o que estava sendo apresentado como uma bomba H (de hidrogênio ou termonuclear) que poderia ser instalada no novo míssil balístico intercontinental norte-coreano.
O governo da Coreia do Norte disse que todos os componentes da bomba foram fabricados no país permitindo construir quantas bombas nucleares quiser. Segundo o líder Kim Jong-un, a bomba de hidrogênio poderá ser carregada em um novo míssil capaz de alcançar altitudes elevadas.
No anúncio feito pela TV estatal, o governo de Kim Jong-un disse que o teste foi um ‘sucesso perfeito’ e representa um passo ‘significativo’ para completar o programa de armas nucleares do país.
‘Desastre’
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denunciou o teste, “num desrespeito completo às demandas repetidas da comunidade internacional”. O Conselho de Segurança da ONU já impôs sete blocos de sanções contra o Norte para tentar forçá-lo a abandonar seus programas proibidos.
“Ao fazer este teste, (Pyongyang) semeia o desastre, é uma caminhada passo a passo em direção a guerra ou destruição”, denunciou um internauta na China.
A situação na península sofreu uma primeira grande escalada em julho, quando Pyongyang realizou dois testes bem-sucedidos de um míssil balístico intercontinental ou ICBM, o Hwasong-14, que poderia ameaçar o território americano.
Pyongyang acaba de ameaçar de disparar mísseis perto da Ilha de Guam, um território americano no Oceano Pacífico, e na semana passada lançou um míssil de alcance intermediário que caiu no Pacífico depois de sobrevoar o Japão.