Diário de Pernambuco

A necessidade de “reverter o golpe” foi, mais uma vez, o mote do discurso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no ato que aconteceu na noite desta sexta-feira (25), no Pátio do Carmo, centro do Recife. Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva, a petista voltou a comparar o processo de impeachment que lhe tirou o mandato ao golpe de 1964, afirmando ter sido vítima de dois golpes, e advertiu que somente o povo, lutando pela democracia, é capaz de reverter o cenário, “assim como fez com a ditadura militar”. A forma como, na sua opinião, deve se dar essa “reversão”, ela deixou clara ao longo do discurso, ao defender a volta de Lula ao Palácio do Planalto em 2018.

Dilma apelou ainda para as mulheres presentes, externando sua gratidão pelo apoio recebido, durante e depois do processo de cassação. “As mulheres aqui presentes têm consciência do caráter machista desse golpe, do seu caráter misógino. E ao longo desse processo, as mulheres me acolheram e apoiaram. Tenho por elas uma extraordinária gratidão”, afirmou. Ela também agradeceu aos parlamentares e dirigentes partidários que ficaram ao seu lado, e citou nominalmente o deputado federal Sílvio Costa (Avante-PE), que foi vice-líder do seu governo na Câmara. “Em nome dele, agradeço a toda a bancada federal de Pernambuco que votou contra o impeachment, num gesto de decência e coragem”, disse.

Depois de desfiar todas as ações legadas pelos governos petistas na área social, saúde, educação, moradia, Dilma repetiu frase ouvida de uma estudante pobre e negra, formada em medicina graças aos programas da sua gestão. “Como disse aquela estudante, ‘a casa grande surta quando a senzala vira médica’. Pois o golpe antecipou esse surto, com um impeachment sem crime de responsabilidade”, disparou.

Por último, a ex-presidente justificou a caravana de Lula pelo Nordeste, sinalizando o seu verdadeiro objetivo: a eleição de 2018. “Tem uma etapa do golpe que se avizinha. Querem impedir que possamos, sem casuísmos, escolher o presidente que está no coração de todos os brasileiros. Essas caravanas são uma marcha sem volta para a democracia. Para escolhermos o nosso grande líder Lula. A marcha é fundamental, e nós sempre ganhamos quando tivemos democracia”, concluiu.