Quem nunca recorreu a um chá na tentativa de melhorar de alguma doença, como gripe, dor de garganta, febre? Quem já não ouviu histórias de nossos pais ou avós de como as plantas medicinais eram presentes no dia a dia da população antigamente? Esses questionamentos são apenas alguns dos aspectos abordados pelo projeto “Plantas medicinais: Multiplicando Saúde”, desenvolvido no campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE, sob a orientação da professora Dra. Flávia Cartaxo, ao lado de estudantes de Agronomia.
Manjericão é uma das plantas medicinais disponíveis no horto
Alecrim, hortelã, manjericão, erva-cidreira, malvão, capim-santo. A relação faz parte das mais de 15 plantas medicinais que estão sendo cultivadas no horto do campus. O projeto começou há dois anos, com o objetivo de resgatar o uso das medicinais, valorizando o poder de seus princípios ativos, além de fazer a distribuição de mudas, implantação de hortas e informar à população sobre o uso adequado de cada uma delas.
“Muitas vezes a gente sente uma dor de cabeça e pensa logo numa farmácia, esquecendo de uma alternativa que poderia estar em nosso jardim, de fácil acesso. A implantação dessa horta medicinal veio como benefício para a gente, nosso próprio campus e para as comunidades ao redor”, afirmou o discente Teonis Batista.
Teonis: “Nenhuma outra instituição de ensino da região tem um horto medicinal”, destacou_*
De acordo com a professora Flávia Cartaxo, através do projeto já foram feitas distribuições de medicinais em outros campi do IF Sertão-PE, assentamentos, escolas, creches de comunidades de Petrolina, Juazeiro e Casa Nova. “A gente distribui a muda e pode instalar a horta. Tem comunidades que ficam longe de postinho, que o médico demora a vir. Enquanto esse médico chega tem medicinais que ajudam, baixam uma febre, diminuem os sintomas de uma gripe, aliviam o mal-estar. Até o médico chegar e consultar”, informou.
Nessas visitas a comunidades, o cultivo de medicinais também é apresentado ao pequeno produtor como uma fonte de renda alternativa, através de explicações sobre como fazer seu beneficiamento correto, como secagem, embalagem, agregando valor ao produto. Segundo a aluna Luana Santos, em alguns locais foi demonstrado ainda como aproveitar pequenos espaços para implantação de hortas. “Em Juazeiro fizemos uma horta em garrafas pet. Se você não tem um jardim, um grande espaço, é possível se adequar ao que tem, não precisa deixar de fazer”, disse.
Luana: É muito gratificante explicar a utilidade de cada planta para população
O horto do projeto “Multiplicando saúde” não faz uso de agrotóxico. Toda adubação utilizada é produzida no Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia (CVT) do campus, sendo o manejo todo orgânico. Segundo a professora, as medicinais geralmente não têm problemas de pragas porque algumas delas têm efeito repelente.
José Pedro: “Que essa cultura não seja perdida ao longo do tempo”
Ao lado de Teonis e Luana, o também estudante de Agronomia José Pedro Dias foi bolsista do projeto. Antes do “Multiplicando saúde”, ele participou, de 2013 a 2015, do projeto “Horta medicinal: um resgate do saber popular”. “Devido à credibilidade que foi dada a esse trabalho, várias pessoas que vêm conhecer o campus fazem questão de ter nossa horta como uma das estações de visita. É uma área que possui muita importância, com a qual eu tenho um envolvimento muito grande, além de incentivar novos trabalhos no meio científico voltado para as ervas medicinais”, afirmou.
Saúde – Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou o uso de 66 plantas medicinais, que têm relação com o uso popular. Todas as espécies cultivadas através do projeto estão presentes nessa regulamentação. Para o estudante Teonis Batista, no entanto, o seu uso não deve ser estritamente relacionado à doença. “Um chá não é só porque estou doente, pode ser um calmante, um relaxante, pode ser mais frequente. Assim como se coloca o cafezinho todo dia nos setores, por que não ter a alternativa de um chá? Por que não reunir os amigos e tomar um chá da tarde? Por que não incluir em um suco um capim santo ou hortelã? Acaba você ganhando o beneficio sem necessariamente estar doente”, afirmou.
Plantas medicinais são distribuídas gratuitamente para população
Flávia destaca ainda que a produção feita no campus, através do projeto, está acessível a qualquer pessoa ou comunidade. “Qualquer pessoa que quiser vir pedir mudas, qualquer comunidade, a gente faz a distribuição”, disse. As medicinais também são distribuídas no campus Petrolina Zona Rural, sempre que disponíveis, juntamente com a orientação sobre o uso adequado de cada uma delas.
Texto Inês Guimarães